Estamos iniciando a cobertura da Oncoclínicas (ONCO3) com rating de Compra e preço-alvo de R$ 19 por ação para prazo de 12 meses.
Em nossa opinião, a Oncoclínicas está bem posicionada para entregar sólidos CAGRs de 3 anos de receita líquida, EBITDA e LPA de 24%, 39% e 124%, respectivamente.
Os principais impulsionadores desse desempenho são:
(i) maior necessidade de tratamento do câncer no Brasil devido à demografia e à inovação;
(ii) uma forte proposta de valor através de um modelo de negócio rentável;
(iii) espaço significativo para expansão em cidades novas e existentes; e (iv) assimetrias favoráveis ainda não precificadas.
Vemos ONCO3 sendo negociado a 17,8x P/L e 6,9x EV/EBITDA para 2024 e 11,7x e 5,7x, respectivamente, para 2025 (rápido crescimento levando a rápida compressão de múltiplos), enquanto em nosso preço-alvo o P/L e EV/EBITDA implícitos para 2025 são de 17,4x e 7,8x, respectivamente.
Seu valuation atual e perspectiva de crescimento significativo – já que a Oncoclínicas é um player dedicado e eficiente em um dos segmentos de maior crescimento na área da Saúde – nos leva a classificar a ONCO3 como Compra com um preço-alvo de R$ 19,00/ação, colocando-a como nosso nome preferido entre as small caps em nossa cobertura de saúde.
A demografia e a inovação deverão impulsionar os cuidados oncológicos nos próximos anos. A crescente parcela da população idosa no Brasil deverá levar a uma maior incidência de câncer no país.
As pessoas com 50 anos ou mais deverão representar 37% da população em 2040, contra 26% em 2020.
Este grupo etário tem 3,5 vezes mais probabilidade de ser diagnosticado com câncer do que as pessoas com menos de 50 anos.
Além disso, medicamentos e terapias inovadoras têm aumentado a expectativa de vida e o período de tratamento. Como resultado, o setor deverá crescer a uma CAGR de 12% a 14% entre 2022 e 2030, de acordo com a McKinsey.
A Oncoclínicas possui posição de liderança no Brasil e proposta de valor superior. A empresa é a principal prestadora de serviços oncológicos dedicados da América Latina (participação estimada de 6,1% no mercado geral e 11% em serviços ambulatoriais), e sua grande escala é um fator importante para fechar acordos competitivos com empresas farmacêuticas e atrair pessoal-chave.
O seu foco em tratamentos com boa relação custo-benefício (ticket médio cerca de 22% inferior ao dos pares listados) também é fundamental para os operadores de saúde, que precisam de abordar a crescente incidência do câncer, mantendo os custos sob controle.
Para os pacientes, a qualidade do seu corpo médico, o atendimento humanizado em instalações confortáveis e os bons resultados clínicos levam aos melhores tratamentos possíveis e a um NPS elevado de 96.
Muito espaço para crescer em cidades novas e existentes. Na nossa opinião, a empresa pode expandir a sua presença em 16% nas cidades existentes, alcançando o seu market share justo em mercados onde acreditamos que está subpenetrada.
Também pode expandir a sua presença em mais 75% entrando em novas cidades onde tenhamos identificado as condições adequadas para justificar uma mudança (provavelmente através de aquisições).
Além disso, acreditamos que a empresa tem bastante capacidade ociosa para crescer significativamente nas cidades existentes sem grandes requisitos de investimento.
Potenciais assimetrias ainda não são contabilizadas. Acreditamos que os negócios já celebrados com Central Nacional Unimed (CNU), Porto Saúde e Grupo Santa poderão adicionar um EBITDA incremental de R$ 368 milhões até 2027 (+32% vs. 2023E).
Também vemos espaço para maior eficiência e melhorias marginais no EBITDA através da centralização das farmácias em algumas cidades importantes.
Além disso, vemos uma oportunidade a longo prazo de rentabilizar a sua grande plataforma e lago de dados, estabelecendo parcerias com empresas farmacêuticas para desenvolver novos medicamentos contra o câncer.
A nossa simulação do impacto potencial de tais parcerias indica um impacto positivo de 4% a 11% na capitalização de mercado atual, mas não consideramos isso no nosso modelo. Riscos.
Alguns dos riscos mais importantes para a nossa tese de investimento na ONCO3 são:
(i) perda de pessoalchave, como oncologistas de topo;
(ii) elevada dependência estratégica do fundador, Bruno Ferrari;
(iii) potencial aumento da concorrência de grandes redes hospitalares;
(iv) concentração atual de receitas de 16% na Unimed Rio, o que deverá diminuir nos próximos anos; e (v) potencial excesso em caso de novas ofertas de ações.