A semana foi marcada pela apreensão do mercado em relação ao equilíbrio das contas públicas. No centro das atenções, a manutenção ou não do teto de gastos, que limita o crescimento das despesas do governo à variação da inflação. Esse regime fiscal foi aprovado em 2016 e ajudou a reduzir a percepção do risco-Brasil.
Um exercício da equipe de Macroeconomia do Safra publicado no início do mês indica que o descumprimento do teto, entre outros fatores, levaria a dívida pública a alcançar 150% do PIB em dez anos.
O receio de um possível prolongamento dos fortes déficits para além da pandemia se agravou com a saída de Salim Mattar e Paulo Uebel do Ministério da Economia, por conta do andamento das privatizações e da reforma administrativa.
Nesse ambiente, o Ibovespa se descolou do exterior em alguns momentos, ao não acompanhar a firme alta do S&P 500 na quarta-feira e descer aos 100 mil pontos no dia seguinte. No acumulado desde segunda-feira, o índice brasileiro de ações registrou queda semanal de 1,43%. No mercado cambial, o dólar continuou próximo aos R$ 5,43.
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Já a agenda de indicadores econômicos foi positiva. Um dos destaques foi o início da retomada do setor de serviços. Veja abaixo quais foram as principais divulgações.
Varejo segue retomada
Depois de registrar uma alta recorde em maio, o volume de vendas no varejo cresceu novamente em junho. Desta vez, os dados do IBGE mostraram um avanço de 8% na comparação mensal com ajuste sazonal.
Com uma alta de quase 70%, a maior variação veio do segmento de livrarias, bancas e papelarias. No conceito ampliado, que inclui o comércio de veículos e materiais de construção, as vendas cresceram 12,6% em relação a maio.
Serviços deixam piso
A agenda dos principais indicadores setoriais de junho se completou com o resultado de serviços. Segundo os dados do IBGE, o setor teve crescimento de 5% na comparação ajustada com maio, em linha com as expectativas.
O resultado positivo quebra uma sequência de quatro quedas seguidas. Mas a equipe de Macroeconomia do Safra lembra que o setor ainda ficou 12% abaixo do nível observado em junho de 2019.
Apesar de ainda estar longe de compensar as quedas anteriores, o início de retomada no setor terciário é importante, já que ele representa sozinho mais de metade do PIB brasileiro.
Com isso, o IBC-Br, índice de atividade calculado pelo Banco Central que é considerado uma aproximação do PIB brasileiro em base mensal, acelerou para uma alta de 4,9%, na comparação com maio.
‘Forward guidance’
A ata do Copom divulgada na terça-feira trouxe uma nova frente de política monetária no país. Com a Selic chegando a níveis cada vez menores, o Banco Central acenou com a possibilidade de divulgar um ‘forward guidance’ com o objetivo de reduzir os juros com vencimentos intermediários no país.
Prática comum em bancos centrais estrangeiros, como o Federal Reserve, nos Estados Unidos, trata-se de uma indicação sobre a trajetória das taxas básicas de juros no médio prazo, dadas certas condições.
Por aqui, o BC cogitou uma prescrição assimétrica. Ou seja, com intenção de não aumentar a taxa de juros enquanto a inflação projetada para 2021 e, em grau menor, 2022 estiver suficientemente abaixo da meta de inflação, mas sem o compromisso de não diminuí-la. Os dirigentes também alertaram para o risco de implementar práticas não convencionais em países emergentes.