O Banco Central antecipou para a manhã desta segunda-feira a divulgação da ata de sua última reunião de política monetária, quando o Copom cortou a taxa Selic em 0,5 ponto porcentual, para 3,75% ao ano.
Ao avaliar o documento, nosso time de Macroeconomia manteve a expectativa por mais um corte de 0,5 ponto percentual na taxa Selic, para 3,25% ao ano, mas avaliou que não descarta cortes mais agressivos na reunião de maio ou até mesmo cortes adicionais em junho.
Principais pontos da ata
A ata do Copom revelou que o BC enxerga três canais de contágio da pandemia de coronavírus sobre a economia.
- choque de oferta, derivado da interrupção das cadeias produtivas;
- choque nos custos de produção, mensurado pela variação de preços das commodities e de importantes ativos financeiros;
- retração de demanda, proveniente do aumento da incerteza e das restrições impostas pela pandemia.
Para o Banco Central, com relação ao primeiro canal de transmissão, o efeito tende a ser pequeno, "devido à pouca interligação da economia brasileira com as cadeias de produção mundiais". Sobre o segundo canal, este tende a ser deflacionário no curto prazo, mas deve ser temporário. Contudo, "o terceiro efeito tende a ser bastante significativo no horizonte relevante para a política monetária porque os efeitos da pandemia sobre a atividade podem ser expressivos".
De acordo com simulações apresentadas na reunião do Copom, para compensar este terceiro efeito, seria necessária uma redução da taxa básica de juros superior a 0,50 ponto percentual.
Como o BC declarou mais uma vez que "o Comitê reconhece que se elevou a variância do seu balanço de riscos e novas informações sobre a conjuntura econômica serão essenciais para definir seus próximos passos", nosso time de Macroeconomia acredita que o Copom deverá continuar afrouxando a política monetária.
BC anuncia mais medidas
Em entrevista coletiva pela manhã, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, também anunciou medidas para prover liquidez para o sistema bancário e o mercado de capitais, bem como medidas para direcionar essa liquidez para os mercados que a necessitam e outras iniciativas para estabilizar o mercado.
As medidas para adicionar liquidez totalizam R$ 1,22 trilhão. As de liberação de capital para o sistema bancário têm impacto potencial de R$ 1,16 trilhão sobre o crédito.
Outras medidas seguem em elaboração e devem ser anunciadas nos próximos dias.