Os investimentos em renda variável acumulam dois meses de fortes ganhos, em trajetória de recuperação após quedas de quase 30% registradas apenas em março. Esse movimento ocorre em um momento de declínio no número de novos infectados pela Covid-19 na Europa e nos EUA, seguido pela reabertura gradual dessas economias.

Em maio, o principal índice de ações da Bolsa, o Ibovespa, avançou 8,57%. Já a Carteira Recomendada de Ações elaborada todos os meses pela equipe de análise da Safra Corretora apresentou ganhos ainda maiores, de 12,35%.

Os destaques do mês ficaram por conta dos papéis da Magazine Luiza (+28,18%), BRF (+25,20%), Bradespar (+21,37%) e Vale (+20,97%). Agora, para junho, nossos analistas retiraram da carteira as ações da Energisa e da Raia Drogasil, oferecendo espaço para a entrada da Lojas Renner. 

Confira a carteira recomendada de ações pelos nossos analistas para este mês de junho. Abaixo, você também confere as justificativas para cada movimento, escritas por nossos especialistas.

 

 

EXCLUSÃO

  • ENERGISA (ENGI11)

Excluímos Energisa de nossa carteira recomendada devido às boas performances do papel nos últimos meses. No curto prazo a demanda deve ser impactada pelas medidas de confinamento adotadas, compensadas pela regulação do setor, que oferece equilíbrio econômico para as distribuidoras. Apesar disso, preferimos monetizar os ganhos obtidos até agora. Energisa conta com uma gestão familiar com mais de 100 anos de experiência no setor, potencial de crescimento vindo da recuperação das distribuidoras adquiridas da Eletrobras.

  • RAIA DROGASIL (RADL3)

Embora gostemos bastante da companhia e das perspectivas para os seus negócios, excluímos Raia Drogasil de nossa carteira recomendada neste mês para dar espaço à entrada de Lojas Renner no setor de varejo.

INCLUSÃO

  • LOJAS RENNER (LREN3)

Lojas Renner divulgou resultados na última semana mostrando a capacidade de adequação da companhia em meio a um período muito ruim para o setor de vestuário. Nós incluímos LREN em nossa carteira apostando na retomada da economia e na volta do setor de vestuário, focando em um ativo de qualidade.

MANUTENÇÃO

  • CPFL (CPFE3)

Mantemos CPFL em nossa carteira recomendada, seguindo nossa estratégia de mitigação de risco em face da crise do Covid-19. CPFL é uma empresa de qualidade comprovada pelo mercado. Apesar de no curto prazo a demanda ser impactada pelo confinamento, a regulação do setor de energia elétrica oferece equilíbrio econômico para as distribuidoras, e a CPFL deve ser capaz de gerenciar a situação sofrendo menos impactos que outros setores. A CPFL possui pontos de atratividade para investidores: (i) crescimento via aquisições no segmento de distribuição e geração; (ii) distribuição de dividendos.

  • ENGIE (EGIE3)

Mantemos Engie em nossa carteira recomendada seguindo nossa estratégia de mitigação de riscos contra os impactos do Covid-19 no contexto macroeconômico. Engie é uma empresa que atua nos segmentos de geração e transmissão de energia elétrica, contando com um portfólio bem diversificado que mitiga riscos. No ano passado, a empresa adquiriu da Petrobras a transportadora de gás TAG, o que abre uma via de oportunidades no futuro. Além disso, Engie distribui bons dividendos recorrentemente, aumentando a atratividade das ações e ainda apresenta potencial de ganhos no curto prazo.

  • TIM (TIMP3)

TIM Participações foi mantida na carteira recomendada do mês. Mantemos uma visão otimista para o médio prazo por conta da combinação de um contínuo crescimento de receita com melhor eficiência operacional por conta da digitalização e maior racionalização dos gastos. Além disso, acreditamos que a empresa possa se beneficiar de um movimento de consolidação no setor de telefonia móvel. Merece destaque o fato da TIM, juntamente com a Vivo, estudarem uma proposta de aquisição da operação móvel da Oi.

  • MOVIDA (MOVI3)

Decidimos manter a Movida em nosso portfólio apesar dos impactos negativos esperados em alguns de seus segmentos de negócio. Apesar na queda da taxa de ocupação para 60%, a companhia conseguiu manter o volume de clientes do Uber devido à sua característica de contratos pré-pagos e mensais. Acreditamos que as menores tarifas e os descontos concedidos aos motoristas de aplicativo serão compensados quando a retomada da economia acontecer, pois os veículos já estarão rodando nas ruas. No segmento de seminovos, a companhia não irá abaixar o preço dos carros e não fará renovação de frota no curto prazo, pois preferem esperar algum tempo para vender os veículos posteriormente sem descontos

  • HAPVIDA (HAPV3)

A Hapvida tem um modelo de negócios vencedor, oferecendo planos de saúde a um custo altamente acessível devido à sua estrutura verticalmente integrada, com um enorme foco em processos, protocolos e prevenção. O risco de um colapso no sistema de saúde brasileiro, e mais especificamente da Hapvida, diminuiu com a companhia mostrando uma utilização de leitos sob controle e se preparando para um aumento de demanda por pacientes com Covid-19. Dessa forma, acreditamos que o múltiplo atual de 38,7x P/E para os próximos 12 meses (um desconto para seu par GNDI3) ainda oferece um potencial de upside atrativo (34% até o final de 2020) devido à perspectiva de forte crescimento para a ação.

  • SANTANDER BRASIL (SANB11)

Mantivemos Santander Brasil na carteira do mês de junho. Mesmo tendo feito uma redução de nossos números de Santander recentemente, ainda vemos uma potencial valorização interessante para a ação, mesmo assumindo um cenário de maior risco (aumentamos nossa taxa de desconto e incorporamos um maior nível de provisão para fazer frente aos efeitos do covid-19 sobre a inadimplência do banco). Sendo assim, reduzimos nosso preço-alvo de 2020 de R$54,0/unit para R$39,0, o que representa um potencial de valorização próximo de 50%.

  • IGUATEMI (IGTA3)

Estamos aumentando a exposição a Iguatemi em nossa carteira recomendada. O setor de shoppings tem um perfil defensivo e a empresa possui um portfólio resiliente, voltado para classes mais altas de renda, e com maior exposição ao estado de São Paulo, que tem a economia mais dinâmica do país.

  • PÃO DE AÇÚCAR (PCAR4)

Os resultados do 1T20 do GPA deixaram a desejar. Havia uma expectativa de ganho de margem bruta e melhora da operação do Multivarejo que não foram concretizadas. Entretanto, em um cenário de incertezas, o setor de varejo alimentar continua sendo o mais resilliente, e GPA continua sendo nossa principal ação devido ao valuation descontado (12x PE) quando comparado a Carrefour (15x PE).

  • PETROBRAS (PETR4)

Mantemos as ações da Petrobras (PETR4) em nossa Carteira Recomendada. Apesar do contexto macroeconômico afetado pelo Covid-19, a empresa oferece valuation atrativo e segue adotando medidas de preservação de caixa, como postergação de investimentos e medidas de ganho de eficiência. A empresa está focada na geração de caixa e controle de custos. Além disso, as ações da Petrobras seguem negociando com desconto em relação a seus pares globais.

  • MAGAZINE LUIZA (MGLU3)

Magazine Luiza divulgou resultados que mostraram um crescimento de vendas online maior do que seus competidores, provando a qualidade e omnicanalidade da companhia. Com diversas iniciativas para mitigar os danos do Covid-19 e também apostando em uma reabertura da atividade economia, decidimos manter MGLU3 como um ativo de qualidade do setor varejista

  • BRADESCO (BBDC4)

Mantivemos Bradesco na carteira recomendada pois ainda vemos boas perspectivas para a ação. Acreditamos que o banco tenha um bom potencial de valorização, mesmo considerando premissas de resultado mais conservadoras e uma maior taxa de desconto em nosso modelo, por isso revisamos o preço alvo da companhia para R$34,0/ação (vs R$47,0 anterior). Destacamos que o Bradesco é negociado a um múltiplo P/VPA baixo (1,2x) em relação ao seu histórico.

  • BANCO DO BRASIL (BBAS3)

Banco do Brasil foi mantido na carteira recomendada do mês. Nossa visão otimista se deve ao valuation do banco, em níveis bastante atrativos. Hoje o Banco do Brasil negocia a um múltiplo P/VPA de ~0,7x (abaixo dos peers e de seu múltiplo histórico). Recentemente fizemos uma revisão do nosso modelo, na qual reduzimos o preço-alvo de R$68,0 para R$51,0/ação, após incorporarmos premissas mais conservadores em relação aos efeitos da pandemia e maior taxa de desconto, no entanto, vemos upsides interessantes para a ação, o que nos motivou manter o Banco na carteira do mês.

  • B3 (B3SA3)

Mantemos B3 na carteira, porém reduzimos o seu peso devido à forte valorização no mês, refletindo o bom resultado do 1T20. A exposição diversificada (em renda variável, fixa e dólar) em termos de receita e o baixo nível de despesas conferem uma grande resiliência à empresa. Além disso, a B3 foi uma das únicas empresas da bolsa a reafirmar seu guidance para 2020, inclusive o payout (de 130 a 150% do lucro contábil). Recentemente aumentamos o preço alvo da companhia para R$54 (vs R$52 anteriormente).

  • BRADESPAR (BRAP4)

Continuamos a gostar de Bradespar como exposição à Vale. Estimamos que o valor de mercado atual da empresa represente um desconto de 22% em relação ao valor da sua participação na Vale.

  • VALE (VALE3)

Mantemos Vale na carteira por acreditar que ela deva se beneficiar da retomada da atividade econômica na China, com a manutenção na demanda por minério de ferro e da esperada tendência de diminuição de custos ao longo do ano. Embora a Vale tenha revisado o guidance de produção de 2020 para baixo, o preço do minério se mantém em um patamar elevado e deve compensar parcialmente esta redução. A situação financeira da empresa permanece sólida e a intenção é retomar o pagamento de dividendos após a diminuição das incertezas trazidas pela pandemia de Covid-19.

  • BRF (BRFS3)

No 1T20, a BRF apresentou crescimento de volume em todos os segmentos, com ênfase para o aumento das exportações e as novas plantas habilitadas para a China. Com o aumento dos preços das proteínas, é possível que vejamos uma migração para o consumo da carne de frango em detrimento da carne bovina.