Em nossa previsão de lucros para o segundo trimestre, o time de análise da Safra Corretora avalia que o setor de serviços financeiros será severamente afetado pelos efeitos da covid-19 sobre a economia.

Em relatório assinado por Luis Azevedo e Silvio Doria, eles acreditam que os bancos devem continuar reportando números fracos, principalmente devido a reforços nas provisões para perdas com empréstimos e menores receitas de serviços causadas pela atividade econômica mais fraca.

Para as empresas não bancárias, eles esperam que a Cielo sofra mais devido ao declínio nas transações, também impactadas por medidas de distanciamento social. Por outro lado, no setor de seguros, o destaque é para um bom resultado para a Porto Seguro, devido à queda no índice de perdas e à recuperação do resultado financeiro mais fraco reportado no trimestre anterior, embora os volumes de prêmios emitidos também possam refletir o cenário econômico.

O que esperar dos bancos?

Segundo o time de análise da Safra Corretora, espera-se que todos os bancos em nosso universo de cobertura reportem uma queda no lucro na comparação anual, principalmente devido ao reforço da linha de provisões para perdas com empréstimos (crescendo a taxas de dois dígitos em uma comparação anual) para evitar a potencial deterioração na qualidade do crédito para os próximos trimestres.

No entanto, no segundo trimestre, nossos especialistas afirmam que podemos não observar uma deterioração significativa na qualidade do crédito (levando os índices de cobertura a continuar crescendo), devido aos esforços dos bancos em ajudar os clientes, permitindo adiar as amortizações de crédito. Na linha de receita, os volumes de crédito podem crescer na comparação ano a ano, mas com uma tendência de desaceleração e um desempenho achatado em uma comparação trimestre contra trimestre, refletindo também a desaceleração na originação de crédito. Portanto, a renda liquida com juros não deve ser tão forte, afirmam.

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Também é provável que a linha de taxas para todos os bancos seja fortemente afetada pela atividade econômica mais lenta devido à pandemia da covid-19, especialmente em linhas como cartões de crédito e bancos de investimento, segundo escrevem Azevedo e Doria em relatório. Portanto, podemos observar quedas significativas nos ganhos de todos os bancos. Apesar dos fracos resultados, nossos analistas acreditam que a teleconferência de resultados pode ser um gatilho para as ações dos bancos caso as gestões deem um discurso mais encorajador sobre a atividade ou qualquer perspectiva sobre quando se sentem confortáveis para começar a reduzir o nível de provisão para perdas com empréstimos.

O que esperar de não-bancos?

No setor financeiro (ex-bancos), a Porto Seguro deve ser uma exceção neste segundo trimestre, avalia o time de análise da Safra Corretora. Os analistas esperam que a Porto Seguro tenha um forte crescimento de lucros nesta temporada de resultados, principalmente devido à menor sinistralidade (refletindo medidas de isolamento social) e ao resultado financeiro (impactado positivamente pela maior exposição a ações e pela venda de ativos vinculados à NTNB).

A Cielo, por outro lado, deverá apresentar um resultado de ganhos altamente impactado pelo menor volume de transações devido a medidas de distanciamento social.

A BB Seguridade também deve reportar um resultado fraco, com uma sinistralidade maior (Rural) na Brasilseg, que combinada com o fraco resultado financeiro da Brasilprev, deve reduzir os lucros na comparação anual, porém um pouco abaixo do 1T20.

O IRB Brasil RE também não estará imune neste 2T20, segundo avalia o time da Safra Corretora, com uma combinação de números de sinistros ruins, custos de aquisição, despesas gerais e administrativas e despesas financeiras, superando o bom desempenho da receita líquida.