Com ganhos expressivos na segunda e quinta-feira, o Ibovespa acumulou uma alta semanal de 3,7%. O índice não conseguia uma variação positiva nessa base desde a última semana de agosto.
O movimento esteve em linha com o exterior. Nos Estados Unidos, o índice de ações S&P 500 avançou 3,8% nesta semana, o melhor resultado em mais de três meses.
Já no mercado cambial, o dólar cedeu globalmente. Contra o real, a moeda americana acumulou queda semanal de 2,5%, cotado abaixo de R$ 5,53.
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Por trás do maior apetite a risco visto nos últimos dias está o otimismo dos investidores quanto à concessão de novos estímulos à economia americana. Relembre a seguir alguns dos principais eventos da semana.
Presidente contaminado
A semana começou com uma recuperação dos mercados, sustentada pela indicação de que o quadro de saúde do presidente Donald Trump, diagnosticado com Covid-19, havia se estabilizado.
Isso reduziu significativamente o grau de incerteza política na maior economia do planeta e encorajou os negócios.
O bom humor, contudo, foi ofuscado pela decisão de Trump de interromper as negociações com a oposição por um novo pacote trilionário de estímulos. Ele chegou a apontar que as negociações ficariam apenas para depois das eleições presidenciais.
Isso derrubou as bolsas, por conta da leitura de que o risco de uma recaída da economia por lá é significativamente maior sem novos estímulos. O presidente do Federal Reserve, por exemplo, reforçou nesta semana o alerta sobre as consequências negativas da falta de mais apoio a famílias e empresas.
Ânimo com estímulos
Mas o presidente americano mudou rapidamente sua posição e passou a defender no dia seguinte medidas expansionistas mais direcionadas, melhorando o ambiente no mercado.
Já na sexta-feira, os índices de ações americanos estenderam os ganhos com a notícia de que a Casa Branca está elevando sua oferta de estímulos a US$ 1,8 trilhão, valor mais próximo ao defendido pelos Democratas.
Risco fiscal
Internamente, a expectativa do mercado era que o novo programa social do governo, cujo nome deverá ser Renda Cidadã ou Renda Brasil, fosse apresentado nesta semana, com esclarecimentos sobre quais serão as fontes de financiamento.
No entanto, o senador Márcio Bittar, relator do projeto de Lei Orçamentária de 2021 e da PEC do pacto federativo, na qual o novo programa social deverá ser inserido, indicou que a proposta deverá ser apresentada apenas depois das eleições municipais.
O tema vem sendo monitorado de perto, pois está diretamente relacionado ao compromisso do governo em controlar as contas públicas, respeitando o teto de gastos.
Por outro lado, o ministro da Economia, Paulo Guedes, garantiu que o governo não pretende prorrogar o Estado de Calamidade para além de dezembro deste ano, reduzindo os temores de que os fortes déficits públicos sejam ampliados a 2021.
Inflação
As discussões em torno do aumento dos preços voltaram aos holofotes nesta semana, com a divulgação do IGP-DI e do IPCA. Em setembro, o índice de inflação calculado pela FGV teve alta de 3,3%, levando a elevação acumulada nos últimos 12 meses a passar de 18%.
Já o IBGE informou que o IPCA de setembro subiu 0,64%, acumulando alta de 3,14% em 12 meses. A variação veio bem acima do consenso de mercado e da projeção da equipe de Macroeconomia do Safra.
Com o resultado, nossos especialistas decidiram colocar em revisão a estimativa para inflação em 2020, com perspectiva de alta em relação aos 2,5% previstos anteriormente.
Varejo em alta
O IBGE mostrou também que o comércio segue sustentando o momento positivo. O instituto informou que varejo cresceu 3,4% de julho para agosto, na comparação com ajuste sazonal. Foi a quarta alta mensal seguida no volume de vendas, após o tombo em abril.
Com o impulso do auxílio emergencial, o setor atingiu o maior patamar de vendas da série histórica, iniciada em 2000. Na avaliação de nossos especialistas, os dados confirmam a perspectiva positiva para o comércio no país e a expectativa é por novas altas neste ano.